Em nossa prática clínica, é comum recebermos pacientes com deformidades dento-faciais, candidatos a cirurgia ortognática, e que também apresentam queixas relacionadas a desordens temporomandibulares. Mas será que existe relação entre os dois problemas?
A cirurgia ortognática é um procedimento realizado para tratar diversos tipos de deformidades dento-faciais no qual reposicionamos cirurgicamente o esqueleto facial (normalmente, maxila, mandíbula e mento). Atualmente é uma cirurgia segura e previsível, uma vez que todo o planejamento é realizado através de softwares de planejamento virtual que nos proporciona guias de movimentação e de corte.
Já a DTM é uma sigla que engloba diversos tipos de desordens da articulação temporomandibular, podendo ser, basicamente, desordens musculares ou articulares.
Ao tentarmos associar as diferentes deformidades dento-faciais com desordens temporomandibulares, as ultimas pesquisas e revisões de literatura mostraram que a cirurgia ortognática se mostrou neutra para a evolução das DTMs, assim como as relações oclusais (encaixe da mordida).
Mas o que isso significa?
Significa que a cirurgia ortognática, de acordo com a literatura, não é indicada como tratamento de escolha para as desordens temporomandibulares, uma vez que não apresenta resultados significativos na melhora dos casos. No geral, os estudos mostraram que os pacientes com DTM, que realizam cirurgia ortognática, podem evoluir sem alteração, com melhora, ou ate com piora do quadro de DTM, dependendo do caso. Logo não podemos indicar a cirurgia ortognática como forma de tratamento para as DTMs.
Portanto, pacientes que apresentam sinais e sintomas de DTM, e que estão em planejamento cirúrgico para ortognática, devem primeiro ter um correto diagnóstico do tipo de DTM, e em seguida fazer tratamento e controle especifico para essa desordem, para que a mesma não afete o resultado da cirurgia ortognática. O tratamento pode envolver diversas modalidades, incluindo fisioterapia, dispositivos interoclusais e abordagens minimamente invasivas como artroscopia e viscossuplementação, podendo inclusive ser realizado durante o preparo ortodôntico para a cirurgia ortognática, de forma que não atrase o tratamento, ou planejamento cirúrgico.
A relação vai depender do tipo de DTM e tipo de deformidade dento-facial. As DTM musculares, por exemplo, tem em sua maioria tratamentos clínicos e conservadores, sem necessidade de intervenção cirúrgica ou minimamente invasiva, interferindo de forma discreta no planejamento para cirurgia ortognática. Já as DTM articulares exigem maior cuidado e critério de avaliação, uma vez que seu estágio de evolução e o tipo de desordem articular pode alterar o posicionamento ósseo, ou ate aumentar os riscos de recidiva e complicações da cirurgia ortognática, podendo levar inclusive a reabsorções da cabeça da mandíbula, e desordens com dores articulares severas e limitação de abertura de boca.
Se restou alguma dúvida, entre em contato. Estamos a disposição.
Um abraço e até a próxima.
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